sexta-feira, 3 de maio de 2013

Aluno com deficiência visual é laureado em curso superior no Recife

O agente administrativo Diogo Oliveira da Silva, de 31 anos, foi o aluno laureado no curso de gestão e recursos humanos de uma instituição de ensino superior do Recife. A notícia poderia ser irrelevante para ser destaque não fosse um importante detalhe: o universitário integra uma população de mais de 1,5 milhões de pernambucanos com algum tipo de deficiência. Apesar de não conseguir ler nada - aos 16 anos perdeu 90% da visão - o universitário atingiu a média final 9,19.

O jovem só soube da novidade no dia da colação de grau, no início do mês passado, quando estava acompanhado pelos pais e irmã. "Eu fiquei muito surpreso. Sei das minhas dificuldades e limitações e sei também que tinha gente na turma com mais condições de tirar notas melhores", disse emocionado.

Aos 14 anos, Diogo descobriu que possuía retinose pigmentar, uma doença que provoca perda gradativa da visão. Mas isso não foi motivo para ele desistir do sonho de ingressar numa universidade. Terminou o ensino médio em escola pública e passou no vestibular tradicional da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA).
A rotina de Diogo nos dois anos de curso foi intensa. Pela manhã e à tarde ele trabalhava como agente administrativo numa escola da rede municipal do Recife, voltava para casa na Cidade Tabajara, em Olinda, tomava banho, jantava e seguia para a faculdade, no Centro do Recife. Todo trajeto realizado com transporte público "Há momentos em que pensamos em desistir. Mas graças a Deus segui em frente e consegui". Hoje, Diogo cursa pedagogia e sonha em ser professor universitário.  Ele também aguarda ser chamado pelo Tribunal de Justiça de Pernambucno, após ser aprovado em concurso.
Diogo lembra que foram muitas as dificuldades para conseguir concluir o curso e tirar a melhor nota de toda a turma, formada por pessoas sem qualquer dificuldade visual. "Houve vários momentos em que tive que deixar a vergonha e a timidez de lado e chamar a atenção dos professores para que eles lembrassem que tinha um aluno especial, com limitações", lembra.
As grandes ferramentas de estudo do universitário foram a internet e o software NVDA, um leitor de tela em código aberto para Windows, livre e gratuito. "Alguns professores enviavam o conteúdo para mim por e-mail, quando não mandavam, eu pesquisava pela internet", disse o jovem.
A vitória de Diogo é exemplo para outras pessoas com deficiência seguirem com os estudos e lutarem por uma vaga no mercado de trabalho. "É possível, nós, enquanto deficientes, voltarmos a estudar, continuar estudando, ser integrado na sociedade, ser reconhecido, adquirir formação acadêmica. Somos cidadãos e o estudo vai possibilitar ainda mais o nosso acesso à cidadania", destacou.
Fonte: Educação - Uol

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